O investimento global em energias renováveis cresceu 17% em 2011, atingindo um montante de US$ 237 bilhões – quase o dobro de 2007 (o último ano antes da crise econômica) e mais de seis vezes o investido em 2004. A informação é do relatório Tendências Globais no Investimento em Energias Renováveis 2012, elaborado em cooperação entre o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e a Frankfurt School of Finance & Management.
Segundo o documento, a alta no investimento foi bem menor do que em 2010, quando alcançou um percentual de 37%, mas isso pode ser explicado, em grande parte, pela queda significativa nos custos dos equipamentos, particularmente dos módulos solares fotovoltaicos (que caíram quase pela metade ao longo do ano) e das turbinas eólicas terrestres (que tiveram uma baixa de 5% a 10%). O desempenho do ano passado também se deu em um momento de incerteza em relação ao crescimento econômico e às prioridades políticas nos países desenvolvidos – e essas questões continuam representando uma ameaça séria em 2012 para a transição de baixo carbono e a esperança de um progresso na direção de uma economia verde.
Apesar disso, as energias renováveis (excluindo as grandes hidrelétricas) responderam por 44% da capacidade de geração criada em 2011, contra 34% em 2010 e apenas 10,3% em 2004. A proporção de energia gerada efetivamente por essas fontes representou 6% do total no ano passado, frente a 5,1% de 2010.
“Assim, nós estamos vendo uma trajetória de crescimento no setor energético, mesmo que ainda tenhamos um longo caminho pela frente para chegarmos a um mix de fontes energéticas realmente sustentável”, ressaltou o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner, na abertura do relatório.
Destaques
No tocante ao desempenho dos países, a China continuou sendo o maior investidor em energias renováveis do mundo em 2011, com US$ 52 bilhões em recursos, mas foi seguida de perto pelos Estados Unidos, que aportaram US$ 51 bilhões, uma alta de 57% sobre o ano anterior. Em termos de percentual de crescimento, no entanto, a campeã foi a Índia, com 62% de investimentos a mais que em 2010, alcançando US$ 12 bilhões. O Brasil teve um resultado bem mais modesto, com US$ 7,5 bilhões em recursos investidos, uma alta de 8% sobre 2010, enquanto que a Alemanha sofreu uma queda de 12% nessa base de comparação, alcançando um montante de US$ 31 bilhões.
O estudo destaca, também, o salto de 52% no investimento global em energia solar, que alcançou a cifra de US$ 147 bilhões em 2011, quase o dobro dos US$ 84 bilhões investidos em energia eólica, que sofreu uma queda de 12%. O ano passado não foi o primeiro em que a energia solar passou a eólica (considerada a mais “madura” das renováveis) em termos de dólares alocados, mas foi a primeira vez que a diferença entre as duas fontes foi tão grande.
O crescimento da solar se deve principalmente ao boom nas instalações de módulos fotovoltaicos em telhados na Alemanha e na Itália, com os consumidores aproveitando a queda de preço dos equipamentos, e uma forte alta no financiamento de grandes projetos de geração de energia solar termoelétrica na Espanha e nos Estados Unidos. Do outro lado, os valores investidos em eólica foram impactados pelos baixos preços das turbinas, pela incerteza política na Europa e pela desaceleração no antes febril crescimento das instalações eólicas na China.
“A competição crescente [no mercado de energias renováveis] foi acompanhada pela quebra de diversas empresas de equipamentos solares na Alemanha e nos Estados Unidos no final de 2011 e início de 2012. Alguns atores têm deixado o palco das energias renováveis, e novos têm entrado. Contudo, o setor apresenta todos os elementos de uma indústria altamente dinâmica e vibrante – e não apenas da perspectiva do investimento. Eu estou convencido de que ele vai oferecer excelentes oportunidades de carreira durante os próximos anos”, enfatizou o CEO da Frankfurt School of Finance and Management, Udo Steffens, no texto inicial do relatório.