Meta de emissão de CO2 para 2020 não será cumprida


Ainda que todos os países do mundo decidam agora ser mais ambiciosos nas metas voluntárias e obrigatórias de redução de emissões de gases de efeito estufa, não será mais possível atingir o compromisso firmado em 2010, de evitar que a temperatura no mundo suba mais que 2 graus Celsius (°C) até 2020.



A terceira edição do Relatório sobre Emissões de Gases de Efeito Estufa, divulgada nesta quarta-feira (21), pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), mostrou, em um novo cálculo, que a concentração de gases do aquecimento global pode ficar até 14 gigatones (medida utilizada pelos cientistas para medir as emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono) acima do nível definido como meta para 2020, que seria de 44 gigatones.



Em 1990, o volume de emissões era de 37 gigatones. Atualmente, este índice chegou a 49 gigatones. Segundo o estudo, em vez de diminuir, a presença de gases como o dióxido de carbono na atmosfera aumentou cerca de 20%, desde o ano 2000. Por isso, especialistas projetam que, caso os países se debrucem sobre medidas mais audaciosas, as emissões chegariam, na melhor das hipóteses, a 52 gigatones.



De acordo com o levantamento, a distância entre a atual situação, o que os pesquisadores projetam como cenário para 2020 e o que os cientistas consideram como índices ideais é cada vez maior.



Há dois anos, representantes de mais de 190 países se comprometeram, na África do Sul, com ações para conter o aumento da temperatura no mundo. Ao reconhecerem a necessidade de mudanças globais para minimizar problemas decorrentes das mudanças climáticas, como grandes enchentes e secas extremas, as economias concordaram em definir metas até 2015, que deverão ser colocadas em prática por todos os países signatários a partir de 2020.



Esse conjunto de metas foi chamado de Plataforma Durban e deve substituir o Protocolo de Kyoto em oito anos. O acordo global, porém, segue ainda na teoria, sob ameaça de resistência ou dificuldade de países como Estados Unidos e China em modificar padrões como o da queima de combustíveis fósseis (responsável por mais de 60% das emissões dos países mais desenvolvidos). Além disso, muitas economias europeias ainda travam a definição de questões complexas, como a transferência de tecnologia e financiamento para que países mais pobres e em desenvolvimento consigam acompanhar as mudanças globais.



Diante dos alertas pessimistas, negociadores de mais de 190 países que participarão da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Doha, no Catar, a partir da próxima semana, sabem que as pressões por mudanças vão continuar e vão recair tanto sobre os setores produtivos quanto sobre os governos, para a implantação de medidas de controle das emissões.



Exemplo brasileiro



As conquistas brasileiras de redução do desmatamento ilegal, principalmente na região da Amazônia, foram apontadas no relatório do Pnuma como um exemplo a ser seguido por todos os países do mundo. O estudo destaca que as medidas de controle e fiscalização do crime ambiental nas florestas do País resultaram na redução da derrubada de árvores. Na Amazônia Legal, por exemplo, o tamanho do desmatamento caiu de 29 mil km² em 2004 para 6,4 mil km² esse ano.



Segundo os pesquisadores, com essas ações, o Brasil conseguiu antecipar os resultados da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal, a chamada Redd, na sigla em inglês. A medida é um dos pontos polêmicos a serem tratados na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O Redd funcionaria como uma compensação financeira para os países em desenvolvimento ou para comunidades específicas desses países, pela preservação de suas florestas.

No relatório, o Pnuma ainda cita outras “ações inspiradoras” que foram implementadas internamente e voluntariamente por vários países – com destaque para Alemanha e Brasil, principalmente, em setores como o de eficiência energética de edifícios, redução de emissões de veículos e investimentos em fontes de energia renovável.



Com informações da Agência Brasil

SXC
SXC