Cerca de 320 toneladas de ouro e 7,5 mil toneladas de prata são utilizadas por ano na produção de aparelhos eletrônicos, como computadores, tablets e celulares, segundo instituições ligadas à Organização das Nações Unidas (ONU).
Estima-se que, a cada ano, após o descarte, menos de 15% do ouro e da prata são recuperados mundialmente, representando um dos grandes problemas atuais referentes ao destino apropriado de resíduos e ao acúmulo de lixo eletrônico.
Por conta disso, o lixo eletrônico mundial contém “depósitos” de metais preciosos 40 a 50 vezes mais ricos que os contidos no subsolo, de acordo com dados apresentados pela Universidade das Nações Unidas e pela Global e-Sustainability Initiative (GeSI).
Com o crescimento das vendas de aparelhos como os tablets, que devem chegar a 100 milhões de unidades ao redor do mundo em 2012, a quantidade desses metais que vão parar no lixo só tende a aumentar, e a situação está longe de ser resolvida.
Somente em 2011, os produtos elétricos e eletrônicos consumiram o equivalente a 7,7% da oferta mundial de ouro. No início da década, o consumo era de 197 toneladas, representando 5,3% do total disponível. Apesar do crescimento de 15% na oferta do metal nos últimos dez anos, seu preço disparou, aumentando cinco vezes entre 2001 e 2011, de acordo com um levantamento feito pela GeSI e pela iniciativa Solving the E-Waste Problem (StEP) – que envolve organizações da ONU, da sociedade civil e empresas.
Além disso, nos países desenvolvidos, cerca de 25% do ouro empregado na fabricação de eletrônicos é perdido e não pode ser recuperado devido aos processos de desmanche. Nas nações em desenvolvimento, o total inviabilizado chega a 50% e somente 25% do que resta é recuperado, por meio de sistemas de reciclagem. Se fossem utilizadas unidades de reciclagem de alta tecnologia, esse valor poderia chegar a 95%, pontua o estudo da GeSI e StEP.
Como minimizar os impactos?
A iniciativa StEP acredita que a solução do lixo eletrônico passa por melhores padrões de consumo sustentável e um aprimoramento dos sistemas de reciclagem, para que possam lidar com esse tipo de lixo, que é mais valioso, porém mais difícil de trabalhar do que plástico ou papel.
Para a instituição, o lixo eletrônico não deve ser encarado como lixo, mas como recurso, já que representa uma importante fonte de renda e sua reciclagem é fundamental para a preservação do ambiente. Tal recomendação é válida também a outros metais, como cobre, paládio, platina, cobalto ou estanho, contidos nos produtos eletrônicos descartados.
“Precisamos recuperar elementos raros de modo a poder continuar a fabricar produtos de tecnologia da informação, baterias para carros elétricos, painéis solares, televisores de tela plana e uma infinidade de outros produtos populares”, disse Ruediger Kuehr, secretário executivo da StEP.
*Com informações da Agência FAPESP