Por conta de um convênio entre instituições públicas brasileiras e alemãs, como a Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) e o Instituto Fraunhofer, de Stuttgart, será realizado um experimento-piloto que pretende transformar o gás liberado durante o processo de tratamento de esgoto em combustível para automóveis.
O intuito é diminuir o consumo de petróleo e ajudar na mitigação de gases causadores do efeito estufa.
A Sabesp irá implantar o projeto na Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Franca, no interior paulista. A ETE será equipada com um biodigestor capaz de captar diariamente 2.700 m³ de biogás, enriquecendo-o com a inserção de componentes químicos. Assim, o biogás será transformado em 1.800 m³ de biometano, que tem o mesmo poder calorífico da gasolina.
O combustível resultante do tratamento do esgoto será aplicado na frota de 49 veículos da Sabesp que atende a região de Franca. De acordo com Américo de Oliveira Sampaio, da área de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica da Sabesp, “haverá uma economia de 1.800 litros de gasolina por dia, e a substituição representará uma economia de 10% do consumo atual de gasolina e álcool”.
De acordo com o pesquisador alemão Werner Sternad, do segmento de Biotecnologia Ambiental e Engenharia de Bioprocessos do Instituto Fraunhofer, qualquer cidade que tenha mais de 20 mil habitantes pode aderir a esta tecnologia. “Em São Paulo, por exemplo, gera-se 5 mil m³ de biogás por hora. Isto tudo poderia ser transformado em combustível a partir do beneficiamento”, afirmou.
Na Alemanha, por exemplo, o uso de biodigestores já acontece há 15 anos, mas o biogás oriundo do tratamento de esgoto é destinado à produção de energia elétrica.
As negociações para a instalação do biodigestor começaram há três meses, e a previsão é que ele esteja pronto para funcionar em março de 2012. Agora, um dos principais focos é no desenvolvimento da logística de distribuição deste combustível.
Ainda, o investimento do projeto está estimado em R$ 6 milhões, sendo que R$ 5,1 milhões serão aplicados pelo governo da Alemanha, através da Iniciativa Internacional de Proteção Climática, do Ministério do Meio Ambiente.