Pesquisa em tecnologia CCS ganha incentivos

Dados do Instituto Alemão de Pesquisa Econômica – DIW (Deutsche Institut für Wirtschaftsforschung) mostram que aproximadamente 850 milhões de toneladas de CO2 são emitidas na Alemanha todos os anos. Deste total, aproximadamente 40%, ou seja, entre 300 e 350 milhões de toneladas, são provenientes de usinas de carvão.


Para tentar minimizar as emissões, dois ministérios alemães se uniram em um projeto de lei que visa legalizar os testes de uma nova tecnologia capaz de separar o dióxido de carbono (CO2) do gás de combustão emitido e armazená-lo no solo. Com a Captura e Armazenamento de Carbono – CCS (Carbon Capture and Storage), os ministros Rainer Brüderle (Ministro Federal da Economia) e Norbert Röttgen (Ministro Federal do Meio Ambiente) pretendem tornar as usinas mais sustentáveis.


“A proteção climática é uma tarefa global. O aumento da população mundial e, consequentemente, da demanda por energia farão com que países em desenvolvimento e emergentes continuem se utilizando de combustíveis fósseis ainda por um longo período. Portanto, a CCS é uma tecnologia necessária, já que toneladas de CO2 serão emitidas nas próximas décadas”, explica o ministro Brüderle.


Ele afirma ainda que a lei oferece à indústria alemã a oportunidade de desenvolver essa tecnologia mais rapidamente e exportá-la para o restante do mundo.


Os sistemas também oferecem alternativas de produção industrial de baixo teor de carbono, uma vez que siderúrgicas e indústrias químicas nunca serão capazes de zerar suas emissões de CO2 durante o processo de produção.


Projeto


A CCS vem sendo discutida na Alemanha desde 2007 e é polêmica. Com a regulamentação dos testes e a instituição de regras para a sua realização, os órgãos federais pretendem incentivar as pesquisas e tranquilizar ambientalistas, que têm apresentado críticas à ferramenta.


Após ser suspenso em 2009, o projeto de lei passou por uma revisão significativa e sofreu uma série de mudanças. Indenizações a cidades afetadas pela pesquisa e a garantia de que a sociedade e o meio ambiente não sejam prejudicados são asseguradas no documento. Além disso, a licença para o armazenamento durante o período de teste só será concedida para pedidos apresentados até o final de 2015 e se o volume anual não exceder três milhões de toneladas. O limite concedido por país é de oito milhões de toneladas.


A tecnologia será avaliada pelo parlamento alemão em 2017 e, se o relatório for positivo, a CCS poderá ser usada em escala maior. O projeto de lei passará pela aprovação do governo federal e a decisão deverá ser tomada até o final do ano.


Polêmica


De acordo com um estudo realizado pela Agência Federal de Geociências e Recursos Naturais de Hannover – BGR (Bundesanstalt für Geowissenschaften und Rohstoffe in Hannover), o solo alemão tem a capacidade total de comportar entre 6,3 e 12,8 bilhões de toneladas de CO2.


Mesmo que as reservas já esgotadas de gás natural (capacidade de 2,75 bilhões de toneladas) e de petróleo (130 milhões de toneladas) sejam utilizadas para o armazenamento, a expectativa é de que em 80 anos esse espaço já esteja saturado.


Ambientalistas argumentam que a utilização desse sistema prejudicaria a exploração da energia geotérmica e o armazenamento de ar comprimido, por utilizar uma área grande do solo para esse novo fim.


Outra crítica é quanto ao custo que a implantação desse sistema implicaria. A Agência Internacional de Energia – IEA (International Energy Agency) prevê que a captação de cada tonelada de CO2 custe entre € 40 e € 75, o que encareceria significativamente o custo da energia produzida pelas usinas.

SXC
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