De acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em conjunto com a Organização para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO), a produção agrícola mundial precisa crescer 60% até 2050 para suprir as necessidades de alimentação da população global.
O Panorama Agrícola 2012-2021, divulgado nesta quarta-feira (11), enfatiza que esse aumento da produtividade deve ser feito de maneira sustentável, a fim de causar menos danos ao meio ambiente e garantir a segurança alimentar para uma população que deve ser mais numerosa, mais urbana e mais rica.
As duas organizações pontuam, no documento, que o crescimento da produção agrícola cairá para uma média de 1,7% ao ano ao longo dos próximos 10 anos. Nas últimas décadas, o incremento da produção agrícola mundial foi superior aos 2% anuais. Tal decréscimo deve acontecer por conta de maiores custos de produção e comercialização, dificuldade na obtenção de recursos naturais e crescentes impactos ambientais, como as mudanças climáticas.
No entanto, o que minimiza os efeitos da desaceleração da agricultura é que o crescimento da produção será superior ao crescimento demográfico, de modo que a produção por habitante seguirá aumentando 0,7% por ano, segundo o levantamento. E os países que devem nortear o aumento da produtividade são os emergentes e em desenvolvimento, como o Brasil, a China, a Rússia, a Indonésia, a Tailândia e a Ucrânia. Isso porque a produção agrícola dos mercados desenvolvidos tem sido lenta para responder ao aumento dos preços na última década.
"Para os consumidores, especialmente para os milhões de pessoas vivendo em extrema pobreza, os preços elevados dos alimentos causaram dificuldades consideráveis. Precisamos redobrar os nossos esforços para reduzir o número de pessoas famintas e para isso, temos de nos concentrar no crescimento da produtividade sustentável, especialmente nos países em desenvolvimento, e especialmente para os pequenos produtores", declarou o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.
Para a FAO, aumentar a produtividade implica em produzir um bilhão de toneladas de cereais e 200 milhões de toneladas de carne a mais por ano em relação aos níveis de 2007.
“Os países em desenvolvimento devem promover investimentos para a infraestrutura agrícola nas zonas rurais, melhorando o transporte, o armazenamento e os sistemas de irrigação, bem como sistemas de informação, de eletrificação e comunicação. Investimento em capital humano é igualmente importante e depende de mais gastos públicos nas áreas da saúde, educação e formação profissional”, comentou o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.
Ainda, o estudo leva em consideração que a área de terras agrícolas crescerá a níveis baixos ou superficiais na próxima década, e adverte os países de que o crescimento facilitado pelo aumento de terras cultivadas e pelo uso de fertilizantes não será capaz de manter o mesmo ritmo no futuro e está em vias de esgotamento.
Ao todo, 25% de todas as terras agrícolas estão degradadas, o que ressalta a necessidade de melhorar o uso sustentável dos recursos naturais disponíveis, como o solo, a água, os ecossistemas marinhos, os cardumes, as florestas e a biodiversidade.
O relatório da FAO e da OCDE também avalia que incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento de novas soluções possam ajudar os pequenos produtores e sejam capazes de reduzir as perdas e os resíduos provenientes da atividade agrícola.