A Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se reuniu com palestrantes convidados nesta sexta-feira (20) para discutir perspectivas sobre o cenário econômico no Brasil e na Alemanha.
O Embaixador da República Federal da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms, foi o primeiro palestrante do encontro e compartilhou com os participantes um panorama da situação política e econômica da Alemanha. “Teremos eleições na Alemanha em setembro e as pautas de proteção ao meio ambiente, clima, sustentabilidade e preservação das florestas tropicais devem ganhar ainda mais destaque nas pautas do Governo Alemão”, afirmou Thoms.
A participação do embaixador foi marcada também por boas notícias para o brasileiros: “As viagens do Brasil para a Alemanha podem voltar a uma espécie de normalidade. A partir de domingo (22/08) o Brasil será reposicionado na faixa de risco”, declarou Thoms.
O embaixador explicou que as pessoas com vacinação completa contra o coronavírus e que foram imunizadas com uma das vacinas reconhecidas pela União Europeia, em princípio, poderão novamente viajar do Brasil para a Alemanha.
No início de julho, a Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se uniu a sua Câmara-irmã na África do Sul no envio de uma carta destinada ao Governo Alemão. O texto pedia atenção à situação de brasileiros e sul-africanos impedidos de entrar na Alemanha. “O envio da carta ao Governo foi uma boa iniciativa de interação e cooperação, e certamente foi visto com bons olhos”, afirmou Thoms.
Mais informações sobre as novas regras para entrada de brasileiros na Alemanha estão disponíveis no site da Embaixada.
Em seguida, Dr. Hermann Hüwels, da Confederação Alemã das Câmaras de Comércio e Indústria (DIHK, em sua sigla em alemão), foi convidado para apresentar aos participantes do encontro mais detalhes sobre o Green Deal. O projeto consiste em condicionar todas as áreas de atuação política e econômica da União Europeia a combater as mudanças climáticas. “A União Europeia acolheu o tema da sustentabilidade e tem enviado uma mensagem de maneira inequívoca: precisamos fazer mais pela proteção do clima”, afirmou.
O pacto tem a ousada meta de anular as emissões liquidas de gases com efeito estufa até 2050. Foi imposta ainda uma meta intermediária de redução de 40 a 55% das emissões de CO2 em comparação a 1990, caminhando a passos largos para uma economia circular.
Em sua apresentação, Dr. Hüwels reforçou que a estratégia climática está no topo das prioridades europeias e corroborou a opinião de Thoms de que após as eleições na Alemanha essa pauta deve ser ainda mais explorada. Entre as principais mudanças listadas por ele estão a diminuição do uso de urânio, óleo, carvão e gás natural. Ganham espaço hidrogênio e fontes de energias renováveis.
O Hidrogênio Verde ganhou destaque na apresentação de Dr. Hüwels, pois desponta como um dos principais caminhos para a descarbonização global e como uma grande aposta da Alemanha. E o Brasil tem potencial para se tornar um dos – se não o maior – player do mercado de Hidrogênio Verde do mundo.
Contudo, Dr. Hüwels destacou que, segundo o Green Deal, as regras a respeito do impacto climático se aplicam também às importações. E isso deve ser um importante ponto de alerta ao Brasil. “A União Europeia está começando a implementar o Green Deal e ele vai impactar profundamente o ambiente de negócios na Europa e, consequentemente, todos os que querem fazer negócios com ela”, frisou.
Pesquisa de conjuntura
A tradicional pesquisa de conjuntura realizada durante a reunião sinalizou para a retomada da economia: 65% dos respondentes avaliaram a atual situação de seu segmento como boa e 68% preveem aumentos acima de 1,5% em seu faturamento até o final de 2021. A pesquisa indicou ainda que 41% já atingiu o nível de faturamento pré-crise.
Quanto ao novo formato de trabalho das equipes, a maioria (38%) prevê o retorno ao escritório no primeiro trimestre de 2022. O modelo híbrido se mostrou a opção adotada por uma maioria esmagadora (94%).