Reunião de Diretoria promove painel com jornalistas para discutir relação Brasil-Alemanha

Foto: AHK São Paulo.

A Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo se reuniu de forma híbrida nesta sexta-feira (27) para um debate com correspondentes alemães sobre a imagem do Brasil no exterior e as oportunidades de cooperação bilateral, especialmente nos temas que envolvem energias renováveis.

Responsável pela condução da reunião, Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, deu início ao ciclo de palestras do dia passando a palavra ao Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Dr. Thomas Schmitt, que atualizou os participantes acerca do cenário político e econômico alemão.

No âmbito político, Dr. Schmitt discorreu sobre o apoio militar alemão à Ucrânia. “Há muito ruído sobre esse tema. Os alemães precisam dar menos ouvidos a talkshows e prestar mais atenção aos resultados do trabalho do Governo Federal. E há resultados! Entendo que às vezes eles vêm mais rapidamente, outras vezes mais devagar. Mas eu fico pessoalmente impressionado com a rapidez com que a Alemanha está progredindo para se tornar independente da Rússia no setor de energia. Isso é um fator decisivo para podermos pressionar a Rússia de forma mais contundente”, afirmou.

Dr. Schmitt traçou ainda um breve panorama sobre o cenário econômico, frisando que o clima na economia alemã apresentou melhora em maio, especialmente para prestadores de serviços, que se beneficiaram com o relaxamento das medidas de combate ao coronavírus.

Em seguida, Stephanie Viehmann, Diretora de Comunicação da Câmara, apresentou os resultados da pesquisa de conjuntura realizada entre fevereiro e março deste ano e que traz as principais perspectivas do empresariado alemão no Brasil sobre negócios e economia. Clique aqui para ver os resultados da pesquisa.

A segunda parte da reunião foi palco de um painel com jornalistas e correspondentes alemães para discutir a relação Brasil-Alemanha em um novo cenário global.

A mediação do debate foi feita peor Dra. Hildegard Stausberg, jornalista alemã com vasta experiência e premiada Jornalista Brasil-Alemanha em 2015. Participaram da discussão Carl Moses, jornalista correspondente do Germany Trade and Invest na Argentina e Mercosul; e Tobias Käufer, correspondente na América Latina para a imprensa alemã.

Questionado sobre quais poderiam ser as melhores estratégias para melhorar a imagem do Brasil na Alemanha, Moses foi enfático ao dizer que é preciso concentrar todos os esforços para apontar globalmente o potencial negligenciado da região e que essa comunicação exige celeridade. “É preciso usar de forma inteligente canais midiáticos e diplomáticos para mostrar todo o potencial brasileiro como um parceiro econômico relevante. Esperar um novo presidente para então estabelecer uma agenda de divulgação dos compromissos de proteção ao meio ambiente e defesa dos direitos humanos demorará muito tempo, e não temos esse tempo”, disse Moses.

Em sua fala, Käufer completou que o tema Amazônia ainda representa um grande desafio à imagem brasileira no exterior e que este deve ser o principal ponto a ser trabalhado globalmente. 
“Pessoalmente acho esse debate [sobre a Amazônia] às vezes um tanto injusto, pois a estratégia econômica do Brasil de apostar no agronegócio e combustíveis fósseis para além das energias renováveis, começou muito antes de Bolsonaro. O grande problema do Governo Bolsonaro é a comunicação. Se não houver uma comunicação inteligente, reforçando o interesse em proteger e não desmatar, ficará muito difícil haver uma reaproximação”, afirmou Käufer.

Entre os temas que precisam ocupar lugar de destaque na imprensa alemã o trio listou de forma unânime o potencial brasileiro como fornecedor global de Hidrogênio Verde. “O Hidrogênio Verde serve não só para gerar energia, mas também para atender as demandas da indústria pesada. É um potencial inesgotável e que pode ser muito desenvolvido na América do Sul. É um excelente exemplo de ganha-ganha e a guerra acelerou essa conversa. Se a economia do Hidrogênio Verde conseguir conquistar o mercado como os especialistas estão prevendo, o Brasil será um parceiro decisivo dessa transição”, ressaltou Moses, completando que o sucesso dessa relação está diretamente atrelado à postura do Governo Alemão e da iniciativa privada de conversarem sobre as melhores maneiras de conduzir essa parceria energética com o Brasil, para a construção de projetos que funcionem.

Pesquisa Rápida de Conjuntura

Durante a reunião foi realizada também a já tradicional Pesquisa Rápida de Conjuntura com os membros presentes no encontro. O levantamento teve como objetivo entender os reflexos da imagem do Brasil no exterior para o investimento das empresas. Entre os respondentes, 61% dos diretores compreendem a influência da imagem do Brasil na tomada de decisão de suas matrizes para investimentos nas plantas locais. Para a maioria, a perspectiva é otimista em relação ao Brasil e América Latina: 92% acreditam que, à médio prazo,  os países da América Latina devem se tornar mais atraentes para investimentos estrangeiros.