Ministério de Minas e Energia e GIZ participam de painel sobre Hidrogênio Verde na Câmara Brasil-Alemanha

Foto: Divulgação – AHK São Paulo

Nesta sexta-feira (18), os membros da Diretoria da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) se reuniram para discutir possibilidade de cooperação entre Brasil e Alemanha relacionadas a Hidrogênio Verde.

Em sua fala de abertura, Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, se mostrou animado com o painel promovido sobre o tema. “As discussões sobre o hidrogênio verde são muito relevantes para o Brasil e a Alemanha e oferecem boas oportunidades de cooperação”, disse.

 Paulo Alvarenga, CEO da thyssenkrupp South America, foi o responsável por trazer ao grupo uma contextualização. “Diante do crescimento populacional e aumento de gasto energético, o hidrogênio verde surge como a única maneira de atender às demandas energéticas de maneira sustentável. Neste cenário, o Brasil tem potencial expressivo para se tornar um fornecedor global, por poder produzir o hidrogênio verde mais barato do mundo”, afirmou.

Entre as características que conferem ao Brasil essa posição vantajosa estão o histórico de programas desse gênero, a existência de um mercado de energia regulado e um sistema interligado e integrado, possibilitando vantajoso desacoplamento da produção do hidrogênio e da produção de energia. Alvarenga listou ainda a posição logística privilegiada, especialmente para a importação para a Europa.

Carlos Alexandre Pires, do Ministério de Minas e Energia do Brasil, foi um dos convidados do painel mediado por Alvarenga. “O hidrogênio verde é, na verdade, um vetor energético, pois consegue transferir a energia de um ponto para o outro, possibilitando por exemplo, sua exportação”, explicou. Durante sua apresentação, ele frisou que a temática não é nova para o País. “O Brasil há mais de 20 anos atua na pesquisa e desenvolvimento do hidrogênio verde, tendo também projetos-piloto na área de transporte”, afirmou.

Ele compartilhou ainda um breve panorama das diretrizes do programa nacional de hidrogênio verde. “O governo brasileiro reconhece que o tema é estratégico não apenas nas relações com a Alemanha, mas para a nossa própria estratégia energética, especialmente como contraponto a intermitência das energias solar e eólica. É necessário ter uma fonte base que nos traga maior segurança energética”, afirmou.

Em seguida, Timo Bollerhey, da Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ), apresentou a task force global e reforçou todo o potencial do Brasil para ser um importante player global no setor. “Neste momento é um mercado que ainda não existe, mas vai se desenvolver e será gigantesco. A iniciativa H2 Global visa fomentar e apoiar este mercado, possibilitando a importação de hidrogênio e derivados para atender a demanda”, explicou, acrescentando que a Alemanha é um dos países que importará essa energia. Ao todo foram disponibilizados pelo Governo alemão 1 bilhão de euros para a implementação da iniciativa H2 Global. “O catálogo de critérios está sendo elaborado, e ainda neste ano queremos iniciar o processo de diálogos e definir como o processo de leilões será realizado. No começo do ano que vem talvez já tenhamos os primeiros leilões.”

Na mesa redonda, os participantes responderam a perguntas dos participantes e debateram os desafios para a transformação do hidrogênio no Brasil e os papeis que a indústria e o Governo desempenham neste processo.

Coronavírus

O encontrou contou ainda com um panorama sobre a situação atual da saúde no estado de São Paulo, apresentado por José Marcelo de Oliveira, que assumiu recentemente a posição de Diretor-presidente do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, sucedendo Paulo Vasconcellos Bastian.

“À semelhança do que ocorre em outros países, aqui em São Paulo a pandemia saiu de uma estabilidade que apresentava nos últimos dias e agora aponta para um ligeiro aumento de novos casos e mortes. Não é um crescimento grande, mas nos preocupa porque pode sinalizar algo maior vindo aí”, afirmou.

Ele se mostrou otimista com os avanços do programa de vacinação e reforçou a inexistência de tratamentos precoces. “Ainda não há um tratamento efetivo medicamentoso. Há muitos trabalhos científicos em cursos para confirmar tratamentos precoces, mas nenhuma evidência. Portanto, o que resta por enquanto é o isolamento, máscara e álcool gel”, concluiu.

Ele chamou ainda atenção para a dinâmica do surgimento de variantes da doença. “Hoje entendemos que o quadro clínico do paciente não muda de uma variante para a outra, o que muda é o grau de transmissão.”

O Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Dr. Thomas Schmitt, compartilhou com os participantes um rápido panorama sobre a pandemia do coronavírus na Alemanha. “Já notamos uma redução progressiva de infecções, com pouco menos de mil novas infecções por dia. Não há mais falta de leitos de UTI nos hospitais alemães, estamos tendo sucesso com a vacinação massiva da população. Mais de 70% já está vacinada com a primeira dose. As pessoas se sentem cada vez mais seguras e livres. Nossa preocupação agora é com as variantes importadas, especialmente a variante Delta, que domina a Índia e a Grã-Bretanha”.

Jens Gust, Cônsul Geral Adjunto da Alemanha, completou que a segurança também se projeta na economia. “Há perspectivas de melhora para as atividades econômicas, que seguem se normalizando e devem registrar crescimento de mais de 3% para 2022”, afirmou. Durante sua fala, Gust anunciou que em agosto deixará o consulado para assumir o posto de Embaixador Adjunto na Embaixada alemã em Havana, Cuba. “Tenho orgulho do trabalho desempenhado ao longo desses anos e desejo que as relações entre Alemanha e Brasil permaneçam fortes, resistentes e muito bem-sucedidas – características que também distinguem as empresas alemãs no Brasil”, declarou.

Conjuntura

Durante o encontro, os representantes do empresariado alemão participaram de uma breve pesquisa de conjuntura. Entre os respondentes, 60% avaliaram a situação atual de seu segmento como satisfatória e 37% como satisfatória.

Questionados sobre quando acreditam que a empresa atingirá novamente o nível de faturamento pré-crise, 47% responderam que ainda em 2021. A maioria (97%) também revelou que não prevê redução do quadro de funcionários em 2021.

Quanto ao principal motivo para os atuais desafios nos negócios, o enfraquecimento da cadeia de fornecedores foi indicado por 40% dos respondentes.