A parte da tarde do II Seminário Brasil-Alemanha de Inovação, que aconteceu nesta quarta-feira (12) no Club Transatlântico, em São Paulo, foi iniciada pelo painel “Jovens inovadores”, no qual foram apresentados alguns projetos e ideias inovadores colocados em prática por alunos da escola bilíngue Visconde de Porto Seguro. A plateia ficou impressionada com a apresentação do Projeto Asa de Avião dos alunos Mateus Caruso e Paulo Fisch, que criaram uma superfície para a asa de avião a partir de dimples (textura de bolas de golfe). A iniciativa prevê a diminuição da distância para a decolagem, mais segurança e menos velocidade na hora do pouso, menor desperdício de combustível e, ainda, menos barulho.
Após este momento, foi iniciada uma nova round-table, sob a temática “Open Innovation: mais do que uma tendência, uma oportunidade”, que reuniu o Jefferson Gomes, gerente executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI; Kathleen Diener (via Skype), pesquisadora da Universidade de Aachen (RWTH); Weber Canova, vice-presidente de Tecnologia e Inovação da TOTVS. A moderação foi feita por Bruno Rondani, diretor-presidente do Wenovate. Os especialistas presentes falaram sobre o as diferentes visões sobre o tema, tanto no Brasil como na Alemanha, e como tem sido o seu desenvolvimento em ambos os países.
Em seguida, aconteceu o painel “Relacionamento entre ICT e empresas: cases Brasil-Alemanha” moderado por Martina Schulze, presidente do Conselho Diretor do DWIH-SP (Centro Alemão de Pesquisa e Inovação) e diretora do DAAD (Serviço Acadêmico de Intercâmbio Alemão) no Brasil.
A conversa contou com a apresentação dos especialistas alemães Georg Overbeck, coordenador do Instituto de Pesquisa Aplicada (IAF) TH Ingolstadt – que falou sobre três de seus projetos em parceria com empresas e entidades no Brasil (UNICAMP, UFPR e Continental), no âmbito da segurança de trânsito – e Tobias Zobel, diretor do Instituto Central de Engenharia Médica (ZiMT) da Friedrich-Alexander-Universität (FAU) e do Cluster Medical Valley – que apresentou a startup TraceMi, fundada pelo ZiMT em parceria com o Grupo brasileiro LANG, que oferece softwares de logística para instrumentos hospitalares.
Além de Overbeck e Zobel, Ronald Dauscha, diretor de Estratégia e Inovação da Siemens, e Marcio Weichert, coordenador do DWIH-SP, também participaram. Dauscha mencionou alguns cases de sucesso da empresa alemã com entidades brasileiras, como os projetos SHAR (Remote Hydro Actuation System) com a Petrobras e Via Quatro (Metro driverless system) com o Estado de São Paulo.
Já Weichert apresentou as propostas e objetivos do Centro Alemão de Pesquisa e Inovação em São Paulo e falou sobre a tradição alemã em pesquisa e desenvolvimento. De acordo com o coordenador, o foco do DWIH é acelerar a internacionalização da ciência alemã e incentivar as parcerias entre os dois países, apoiando eventos, oferecendo oportunidades de intercâmbio e cursos customizados e in-company e promover a transferência de conhecimento científico e inovação por meio de parcerias com o setor privado e a venda de serviços.
Posteriormente, a round-table sobre “Modelos de fomento: como inovar no financiamento da inovação?” contou com a participação de Claudio Figueiredo, superintendente da Área de Planejamento do BNDES; Markus Will, diretor do escritório de Projetos Fraunhofer IPK no Brasil; Stefan Blan, diretor executivo da BASF New Business Alemanha; Fernando Landgraf, presidente do IPT e da Unidade Embrapi/IPT; Marcos Vinícius de Souza, diretor do Departamento de Fomento à Inovação do MDIC; Piero Venturi, chefe do Setor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Delegação da União Europeia no Brasil; Ricardo Abreu, diretor global de Tecnologia da MAHLE; Thomas Schröder, conselheiro para Assuntos Científicos e Intercâmbio Acadêmico da Embaixada Alemã no Brasil; e do mediador Ingo Plöger, presidente da CEAL. Os especialistas discutiram sobre os diferentes modelos de fomento e soluções para otimizar sua utilização, desde o uso do capital próprio, de terceiros como funding de capital e financiamentos.
Por último, aconteceu o “Diálogo Brasil-Alemanha de Inovação: desafios e oportunidades político industriais para o aumento de competitividade da indústria através da inovação”, no qual Wilson Bricio, presidente da ZF América do Sul, citou não somente a baixa colocação do Brasil em inovação, bem como a baixa competitividade em relação ao mercado global em contrapartida à oitava posição como economia do mundo. Para o presidente da ZF, a cooperação entre os dois países pode ajudar no crescimento e desenvolvimento de ambos, inclusive na busca por novas tecnologias e soluções.
Paulo Stark, presidente da Siemens Brasil, defendeu que iniciativas e boa vontade não faltam para o País. Entretanto, o Brasil deixou de ser competitivo no contexto mundial devido a fatores internos – menor apetite para o investimento – e externos – custo de mão de obra, complexidade burocrática.
Ainda, Humberto Luiz, diretor de Engenharia da Embraer para Aviação Executiva e vice-presidente da ANPEI, observou que, a partir do seminário, foi possível concluir que existe a questão de que o capital, sendo suficiente ou não, não é totalmente usado. Além do fato de que o Brasil, como outros países de origem latina, sofre de uma certa “falta de confiança”, o que dificulta no desencadeamento dos processos.
Já para Antonio do Vale, vice-presidente de Tecnologia para Adesivos da Henkel, o necessário é criar uma maior transparência no desencadeamento dos processos e determinar o foco e os objetivos desejados, a fim de incentivar o apoio institucional, a colaboração e o co-development.
Por fim, o II Seminário Brasil-Alemanha de Inovação foi encerrado com a entrega do Prêmio Brasil-Alemanha de Inovação, no qual os projetos da Nanovetores, Stratexia e Artecola foram premiados com o primeiro, segundo e terceiro lugar, respectivamente. Além disso, os cinco projetos finalistas receberam a notícia de que foram aprovados pelo edital do SENAI, recebendo, cada um, R$ 300.000 para a continuidade de seus desenvolvimentos.