Os minérios estratégicos são conhecidos tanto por sua vasta possibilidade de aplicação quanto por sua raridade no mundo. Com eles, movimenta-se a economia e criam-se tecnologias, destinadas, sobretudo, a dar maior conforto à sociedade.
A extração de alguns desses minérios tem crescido nos últimos anos “especialmente aqueles que envolvem o desenvolvimento e a expansão de tecnologias do futuro, como a eletromobilidade, fontes de armazenamento de energia, energias renováveis, construção leve, entre outras”, afirmou Dr. Herwig Marbler, Assistente Científico de avaliação do potencial das matérias primas da Agência Alemã de Recursos Minerais (DERA) dentro do Instituto Federal de Geociências e Recursos Minerais (BGR).
No Brasil, os mais explorados são, em particular, os metais de Terras Raras (REE), nióbio, tântalo, lítio, vanádio, cobre e níquel. Dentre eles, o nióbio foi o que ganhou maior destaque na mídia brasileira pelo seu reconhecimento na campanha política em 2018 por Jair Bolsonaro, atual Presidente da República.
O País detém, segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), 98% dos depósitos de nióbio em operação no mundo – seguido por Canadá e Austrália – dominando 82% do mercado global. A ANM também indicou que as reservas brasileiras somam cerca de 842,4 milhões de toneladas. Desse total, 75% está concentrado na cidade de Araxá (MG), 21% se encontra em depósitos não comerciais na Amazônia e os outros 4% estão em Catalão (GO).
Nas minas de Araxá, operadas pela Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), o processo de beneficiamento e industrialização do nióbio acontece em 15 etapas. Lá a fonte do nióbio são as jazidas do mineral pirocloro. A mina tem apenas 2,3% do metal, valor pequeno, mas ainda assim superior ao restante do mundo. Minério de ferro, óxido de bário, fosfato, enxofre e silício são alguns dos outros compostos encontrados ali.
Apesar de sua popularização, o fato de ser achado em pequenas quantidades nas minas e sua exploração concentrada em poucas mineradoras torna o processo de extração do nióbio bastante complexo e caro. Segundo dados publicados pela revista Exame no ano passado, cada quilo de nióbio equivale de 30 a 40 dólares, 400 vezes a cotação do minério de ferro, principal mineral explorado no Brasil. Além disso, a produção do nióbio compõe apenas 8% do aço fabricado no planeta – seu principal destino depois de extraído.
O nióbio brasileiro é extremamente cobiçado pelo mercado exterior, sem exploração nacional, destinando-o para fora do País. Em 2018, a CBMM destinou 95 mil toneladas de ferro nióbio, nióbio metálico, níquel nióbio e óxido de nióbio para o mercado externo, segundo levantamento da Revista Pesquisa Fapesp.
“Na Alemanha, o nióbio é usado principalmente na produção de aço inoxidável (HSLA Steel) que demanda 90% deste metal. No entanto, ele ainda tem várias outras aplicações, como tecnologia de laser e outras aplicações ópticas e em carbonetos (carbide materials) para engenharia mecânica (materiais de corte como diamante). Existem também pesquisas para cátodos contendo nióbio para armazenamento elétrico (nióbio-alumínioníquel)”, explicou Dr. Marbler.
Esse conteúdo foi originalmente publicado na edição de 2020 do Guia de Fornecedores de Mineração. Para acesso ao texto na íntegra, clique no link para essa e outras edições: https://www.ahkbrasilien.com.br/publicacoes/guia-de-mineracao