Na Índia, 135 milhões de pessoas estão totalmente excluídas do sistema financeiro tradicional. Não possuem conta bancária e, consequentemente, não têm acesso a crédito. Esse cenário pode parecer inóspito para uma companhia de seguros, mas a experiência com apólices especiais para a população de baixa renda tornou o país líder mundial nesse mercado.
Uma das pioneiras em microsseguros, a Bajaj Allianz Índia oferece produtos que podem custar até U$S 4 ao ano. Atualmente, a companhia atende a 16 dos 28 estados do país e conta com 2, 097 milhões de apólices em seguro de vida e 34 mil em saúde. Para Kamesh Goyal, executivo da empresa, trata-se de “um grande mercado”. O indiano é especialista no assunto e esteve em São Paulo para participar do V Fórum Internacional de Seguros para Jornalistas, organizado pela Allianz.
Ele explica que, no caso indiano, foi preciso adaptar o modelo de negócio para oferecer produtos a clientes que, muitas vezes, não possuem sequer documentos.
Brasil
A Allianz quer replicar o exemplo indiano e anunciou que pretende oferecer microsseguros para população de baixa renda no Brasil a partir do próximo ano. A venda seria destinada a clientes com salários entre R$ 700 e R$ 1 mil. “O microsseguro representa não apenas um negócio, mas uma oportunidade de inclusão social”, afirmou Max Thiermann, presidente da Allianz Seguros, na abertura do Fórum.
Antes mesmo de ser regulamentado, esse mercado já movimenta cerca de US$ 1 bilhão, contando ainda com um público potencial de 100 milhões de brasileiros. Na opinião do professor Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, o microsseguro ainda é um assunto pouco abordado no Brasil. “Aqui, fala-se muito sobre microcrédito, mas é preciso lembrar que ele só é eficiente se for combinado com outros produtos”, diz. Gonzalez citou como exemplo um microempreendedor que consegue crédito para comprar um bem, como carrinho de cachorro quente. “Se ele não tem nenhum tipo de cobertura de seguro, ele pode perder anos de investimento com uma simples enchente”.
