Mesmo em tempos de globalização, alta competitividade e crise financeira, as empresas alemãs se destacam por seu excelente desempenho. Esse sucesso pode ser atribuído em parte aos gerentes e sua formação educacional.
No entanto, embora muitos dos gerentes alemães tenham uma excelente educação, com doutorado e alguns anos de experiência em pesquisa nos seus currículos, eles esperam de seus sucessores habilidades diferentes. A afirmação é parte do estudo "Academics in management – Germany's hidden advantage" realizado pela consultoria Roland Berger em parceira com a Universidade de Innsbruck (oeste da Áustria).
"Os gerentes das companhias alemãs tem um amplo histórico acadêmico, mas hoje em dia isso não é exigido de jovens executivos", afirma Torsten Oltmanns, sócio da Roland Berger Consultores de Estratégias, que observou uma mudança na qualificação desejada para esses profissionais. "Hoje em dia, quase 70% dos grandes gestores considera o título Master muito importante. Apenas 20% deles querem um doutorado e experiência em pesquisa já não faz parte do perfil profissional exigido pelas empresas", explica Oltmanns. Por outro lado, 80% dos gerentes entrevistados consideram estágios durante os estudos um fator de grande relevância, como também uma exigência aos futuros executivos.
Empreendedorismo (27%) e criatividade (23%) são outros dois importantes requisitos apontados pelos atuais gerentes, embora os mesmos não tenham esse perfil. "Muitas empresas estão à procura de pensadores com espírito empreendedor, mas os currículos dos top gestores revelam uma realidade totalmente diferente. Por exemplo, somente 4% dos entrevistados afirmaram ter colocado em prática ideias de negócios", explicam os pesquisadores em nota para a imprensa.
A diferença entre a realidade dos gerentes de hoje e as expectativas deles em relação à experiência internacional dos seus sucessores também é bastante significativa: mais de um terço dos entrevistados nunca estudou ou trabalhou no exterior, contudo, quase todos eles (97%) consideram esse fator de grande importância para atender às exigências da gestão contemporânea.
Os responsáveis pelo estudo acreditam, entretanto, que as empresas precisam repensar suas estratégias de recrutamento e perfis exigidos se quiserem continuar se beneficiando da alta qualificação de seus gerentes e não passar de um extremo ao outro: "O doutorado costumava ser um requisito, o que hoje se aplica ao MBA", afirmam os pesquisadores. Para eles, os recrutadores deveriam basear suas considerações no modelo bem sucedido dos "gerentes do DAX", grupo das 30 maiores empresas alemãs, em termos de volume de encomendas e capitalização de mercado, que negociam na Bolsa de Frankfurt.
"Com sua forte ênfase na experiência prática, MBA certamente desempenha um papel importante na formação de aspirantes a gerentes. Mas isso não deve significar que se pode negligenciar uma educação acadêmica completa", adverte Oltmanns.
Para a pesquisa, foram entrevistados 181 gerentes do DAX sobre sua formação e experiência profissional, bem como sobre as exigências das empresas aos futuros gerentes.
