Smart Grid é a internet da rede elétrica

Redes elétricas podem transportar muito mais do que energia. Elas podem fornecer informações sobre o consumo de cada eletrodoméstico de uma casa, possibilitando o planejamento dos gastos com a eletricidade de acordo com o horário do dia – afinal, a energia custa mais em horários de pico de consumo. Essa nova tecnologia, que leva a inteligência da internet às redes de energia, é conhecida como Smart Grid, ou seja, rede inteligente.


Durante o III Fórum Latino-Americano de Smart Grid, em São Paulo, a AES Eletropaulo divulgou um projeto dessa natureza que está em execução há cerca de um ano. Com a análise de mercado feita e os requisitos definidos, em novembro começarão as instalações de equipamentos no bairro do Ipiranga, definido como campo de testes. Aproximadamente 2 mil consumidores serão assistidos remotamente até fevereiro de 2012 para avaliar os resultados do novo sistema implantado.


As Smart Grids funcionam como redes de comunicação e de distribuição de energia ao mesmo tempo. Ao transportar dados para a concessionária, o novo sistema permite que falhas sejam identificadas e corrigidas com muito mais rapidez, tornando o fornecimento mais eficiente e seguro. Desta maneira, apagões como aquele vivenciado por parte do País, em novembro do ano passado, podem ser evitados.


Além disso, com os aparelhos elétricos ligados a essa rede, as empresas poderiam informar quais horários são mais vantajosos para tomar banho ou ligar o microondas, por exemplo.


Smart Metering


Os casos de Smart Grid hoje se iniciam pela Smart Metering, ou seja, pela medição inteligente. Os medidores analógicos de eletricidade são substituídos por medidores digitais, equipados com chips e conectados à internet (pela própria rede elétrica). Esses equipamentos fornecem, então, todos os dados de consumo direto para a empresa de energia elétrica, dispensando os técnicos que fazem a leitura mensal.


A medição inteligente, enfatiza Davi Bisinotto Gomes, coordenador do segmento na Siemens, é parte da solução Smart Grid e não toda a sua função. Ele afirma que, no Brasil, a geração e a transmissão da energia já estão automatizadas e que isso é apenas o início da inteligência de uma rede. O desafio agora é dar inteligência às redes de distribuição da energia elétrica.


Prosumidores


Desde os tempos de Thomas Edison, pai da eletricidade, a distribuição de energia elétrica pouco mudou: a energia é gerada, transmitida e distribuída em um sistema unidirecional. Bob Gilligan, vice-presidente da subdivisão de energia digital da GE, prevê que o consumo de energia no Brasil cresça 67% até 2019. Ele mostrou, durante sua exposição no Fórum, nesta terça-feira (24), que o custo desse serviço aumentou 56% de 2003 a 2009 e que deverá continuar subindo, caso a produção de energia permaneça a mesma.


Nesse contexto, a proposta das Smart Grids é distribuir a energia bidirecionalmente, ou seja, possibilitar que cada consumidor possa ser também um gerador de energia, comercializando a energia captada e armazenada na sua própria casa. Para isso, seriam utilizados sistemas alternativos, como placas de energia solar. Assim, os usuários passariam de simples consumidores para o que especialistas da área chamam de “prosumidores” (produtores e consumidores).

SXC
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