Editora alemã publica livro de brasileiro

No final do século XIX, preocupados em transformar a economia em uma ciência cada vez mais exata e que pudesse ser reconhecida como ciência de fato, vários autores começaram a aplicar fórmulas matemáticas na sua elaboração teórica – processo que seria mais acentuado a partir de 1925, embora chegasse tardiamente ao Brasil.

 

Doutor em economia pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maurício Luperi publicou recentemente em inglês, na Alemanha, uma pesquisa resumida em três ensaios, numa tentativa de mostrar como o assunto se desenvolveu no País. Luperi é pesquisador do grupo Novo Desenvolvimentismo e Democracia Social da FGV, liderado pelo professor e ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser-Pereira, principal crítico brasileiro desse processo.

 

Para Bresser-Pereira, que orientou Luperi em tese de doutorado sobre a matéria, tal método utilizado pela corrente dominante hoje em dia na economia é equivocado. Segundo o ex-ministro, seria mais apropriado a uma ciência metodológica como a matemática do que a uma ciência social como a economia. Além disso, defende que o método mais apropriado para estudar e avaliar a economia continua a ser o histórico.

 

Luperi pesquisou 5.733 artigos de três das principais revistas de economia do País, publicados entre 1981 e 2010, e, em junho último, publicou um artigo na revista inglesa “Cogent Economic and Finance” (grupo Taylor and Francis) que foi um dos mais acessados via online. A partir daí, a editora alemã Lambert achou oportuno transformá-lo em livro, lançado recentemente.

 

No primeiro ensaio, Luperi busca revisar os principais autores que discutem como as transformações na física matemática impactaram a produção científica na economia. No segundo, apresenta os principais benefícios do processo, tal como defendem os advogados de sua utilização e apresenta as mais tradicionais e mais novas críticas. E, no terceiro, analisa como a formalização matemática na economia avançou no Brasil nas três últimas décadas, de forma a permitir a estudantes e pesquisadores maior acesso a uma discussão ainda um tanto dispersa no País e encorajar maiores pesquisas sobre a matéria.

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