Os membros da Diretoria da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK São Paulo) se reuniram nesta sexta-feira, dia 23 de setembro para mais uma edição da Reunião de Diretoria. O encontro foi realizado novamente em formato digital e teve como finalidade discutir as perspectivas econômicas e políticas com deste ano, considerando as principais possibilidades de resultados para as eleições presidenciais no País.
Mediada por Manfredo Rübens, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo e Presidente da BASF para a América do Sul, a reunião contou com dois convidados especiais: Creomar de Souza, da Dharma Political Risk and Strategy, e Renan Sujii, professor do IESB e do Centro Universitário de Brasília, além de sócio da RIMS3 Capital.
Em sua apresentação Creomar de Souza traçou brevemente uma contextualização com as principais estratégias e desafios de campanha dos candidatos que lideram as pesquisas de intenção de voto. Segundo ele, o candidato Luis Inácio Lula da Silva, por exemplo, prioriza em seus discursos o contraste da herança de seu governo em oposição ao legado do governo Bolsonaro. “A principal meta do PT é vencer a eleição em 1º turno. Todas as estratégias utilizadas estão orientadas nesse sentido”, ressaltou.
Bolsonaro, por sua vez, tem crescido nas pesquisas, mas seu nível de rejeição permanece como obstáculo de complexa superação. “É um Governo marcado por confluência de crises: uma política, uma sanitária e outra econômica. Apesar disso, Bolsonaro provou que é eleitoralmente resiliente”, frisou.
Souza explicou também que, mesmo com a proximidade da eleição, ainda há uma parcela significativa do eleitorado que não escolheu seu candidato. “As pesquisas de intenção de voto representam o esforço de diagnóstico de uma situação para tentar construir um retrato que nascerá nas urnas. Mas vários fatores podem interferir nesse resultado. As pesquisas de intenção não são um prognóstico”, explicou, completando que para visualizar quais fatores podem gerar essa mudança é preciso compreender a configuração do eleitorado brasileiro: 53% do eleitorado é composto por mulheres e 23% dos brasileiros são beneficiários do Auxílio Brasil.
O segundo palestrante, Renan Sujii, acrescentou à análise de Souza uma visão a respeito das propostas econômicas dos candidatos que lideram as pesquisas. Enquanto Lula promete a renovação e ampliação do Programa Bolsa Família, a correção da tabela do imposto de renda e um programa voltado para a renegociação de dívidas, Bolsonaro aposta na manutenção de um programa de transferência de renda nos moldes do Auxílio Brasil, corte de gastos da máquina e privatizações.
Entrando no tópico dos principais temas para o cenário pós-eleição, Sujii listou que o presidente eleito terá pela frente um grande desafio fiscal relacionado ao nível de despesa total com o teto de gastos e como contornar isso para estimular o crescimento econômico.
A reunião contou ainda com a participação da Cônsul Geral da Alemanha em São Paulo, Martina Hackelberg, que palestrou sobre a situação política e econômica da Alemanha. Comentando a alta inflação na Europa, marcada pelo aumento dos preços de energia e alimentos, ela traçou um panorama realista para os próximos meses. “Os riscos políticos e econômicos são grandes e há pouca esperança de que a guerra na Ucrânia e as políticas de sanções cheguem ao fim em breve”, disse.
Bruno Vath Zarpellon, Diretor de Inovação e Sustentabilidade da Câmara, também participou da reunião, compartilhando com os participantes as principais atividades da instituição no âmbito de inovação. “Quando falamos sobre inovação podemos abordar tanto a melhoria de processos e o crescimento de mercados já existentes quanto a exploração de novos mercados”, explicou. Ele reforçou o convite a todos os participantes para acompanharem as principais discussões sobre o tema na 10ª edição do Congresso Brasil-Alemanha de Inovação e Sustentabilidade, maior evento de inovação e sustentabilidade entre Brasil e Alemanha. O tradicional evento do ecossistema de inovação será digital e gratuito e acontecerá nos dias 29 e 30 de setembro. Clique aqui para fazer sua inscrição.
Pesquisa de conjuntura
Os participantes da reunião responderam a um questionário rápido sobre alguns dos principais temas dos âmbitos políticos e econômicos. Questionados sobre a expectativa de suas empresas em relação ao PIB do Brasil em 2023, 63% responderam que esperam um crescimento em relação a 2022. No que diz respeito à taxa de inflação, o grupo também se mostrou otimista: a maioria (46%) espera um IPCA de 5% a 6% em 2023.